O canabidiol é estudado há muito anos e os resultados têm sido publicados em diversas publicações científicas. O site Pubmed é uma das principais fontes de informação pública acerca do canabidiol, canabinóides e canabis medicinal. Desde há vários anos que os investigadores não apresentavam contra-indicações formais quanto a tomar canabidiol (CBD).
Recentemente, um grupo de pesquisadores efetuou uma revisão sistemática e de metanálise de ensaios clínicos randomizados, com a lente científica a procurar resultados quanto a possíveis efeitos adversos do CBD.
O trabalho foi realizado por investigadores do King’s College de Londres, Addiction and Mental Health Group (Grupo de Saúde Mental e Dependência, em tradução livre) e pelo Instituto Nacional de Pesquisa e Saúde.
Como esclarece a publicação de Abril de 2020 no site Pubmed, foram incluídos ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos, controlados por placebo e com duração igual ou superior a sete dias. Realizaram-se 12 ensaios que reuniram informação e dados de 803 participantes.
CBD é tolerado pela maioria das pessoas
Analisaram-se situações diversas como diminuição de apetite, sonolência ou sedação, problemas relacionados com função hepática, diarreia e pneumonia.
Algumas destas condições – pneumonia, sonolência/sedação ou constrangimento de função hepática – foram associadas a tratamentos na epilepsia infantil. Os investigadores assumiram que o CBD interagiu com a medicação que estava a ser administrada, como Clobazam e/ou Valproato de Sódio.
Excluindo a situação específica de epilepsia infantil, o único resultado co-lateral associado ao CBD foi diarreia. Os pesquisadores concluíram que o canabidiol é bem tolerado pela maioria das pessoas, sem efeitos adversos associados. Este resultado vem na linha de outros estudos já publicados sobre esta substância, que ocorre naturalmente na cannabis. Alguns trabalhos científicos têm como denominador comum eventuais distúrbios intestinais como uma “contra-indicação” do CBD.
O canabidiol é aconselhado em diversas patologias, como em alguns casos de cancro, por exemplo. Em Portugal, o potencial terapêutico do CBD e outros canabinóides é reconhecido pelo Infarmed, que tem uma lista de aprovações própria.
Tal como noutras situações estudadas e acompanhadas por médicos e investigadores, aconselha-se tomar CBD sob aconselhamento e acompanhamento de um profissional de saúde capacitado.
´O uso de canabinoides administrados por via oral para o tratamento da ansiedade surge num texto védico datado, aproximadamente, do ano 2000 a.C e representa uma das utilizações mais comuns desta planta em várias culturas. O THC pode aumentar a ansiedade em alguns pacientes, enquanto a reduz noutros. Contudo está demonstrado que o CBD reduz a ansiedade de forma consistente quando a planta possui uma elevada concentração deste composto. Individualmente considerado, o CBD demonstrou ter um efeito redutor da ansiedade e vários estudos em animais e seres humanos. O efeito de redução do stress parece estar relacionado com a sua actuação sobre o sistema límbico e paralímbico do cérebro.
Em 2012, vários estudos internacionais foram submetidos a revisão, concluindo-se que o CBD tem demonstrados efeitos na redução da ansiedade, em particularidade na ansiedade social, em inúmeros estudos apelando para a necessidade de se realizarem mais ensaios clínicos. Dois anos depois, os investigadores de um estudo em animais acerca do stress e do sistema endocanabinoide afirmaram que o aumento do sistema endocanabinoide pode ser uma estratégia eficiente para reduzir as consequências comportamentais e físicas do stress.
Estas descobertas parecem confirmar a ideia de que o efeito ansiolítico da administração prolongada do CBD em ratos stressados depende da sua ação pró neurogénica no hipocampo de adultos, facilitando a sinalização através do sistema endocanabinoide’
O canabidiol é estudado há muito anos e os resultados têm sido publicados em diversas publicações científicas. O site Pubmed é uma das principais fontes de informação pública acerca do canabidiol, canabinóides e canabis medicinal. Desde há vários anos que os investigadores não apresentavam contra-indicações formais quanto a tomar canabidiol (CBD).
Recentemente, um grupo de pesquisadores efetuou uma revisão sistemática e de metanálise de ensaios clínicos randomizados, com a lente científica a procurar resultados quanto a possíveis efeitos adversos do CBD.
O trabalho foi realizado por investigadores do King’s College de Londres, Addiction and Mental Health Group (Grupo de Saúde Mental e Dependência, em tradução livre) e pelo Instituto Nacional de Pesquisa e Saúde.
Como esclarece a publicação de Abril de 2020 no site Pubmed, foram incluídos ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos, controlados por placebo e com duração igual ou superior a sete dias. Realizaram-se 12 ensaios que reuniram informação e dados de 803 participantes.
CBD é tolerado pela maioria das pessoas
Analisaram-se situações diversas como diminuição de apetite, sonolência ou sedação, problemas relacionados com função hepática, diarreia e pneumonia.
Algumas destas condições – pneumonia, sonolência/sedação ou constrangimento de função hepática – foram associadas a tratamentos na epilepsia infantil. Os investigadores assumiram que o CBD interagiu com a medicação que estava a ser administrada, como Clobazam e/ou Valproato de Sódio.
Excluindo a situação específica de epilepsia infantil, o único resultado co-lateral associado ao CBD foi diarreia. Os pesquisadores concluíram que o canabidiol é bem tolerado pela maioria das pessoas, sem efeitos adversos associados. Este resultado vem na linha de outros estudos já publicados sobre esta substância, que ocorre naturalmente na cannabis. Alguns trabalhos científicos têm como denominador comum eventuais distúrbios intestinais como uma “contra-indicação” do CBD.
O canabidiol é aconselhado em diversas patologias, como em alguns casos de cancro, por exemplo. Em Portugal, o potencial terapêutico do CBD e outros canabinóides é reconhecido pelo Infarmed, que tem uma lista de aprovações própria.
Tal como noutras situações estudadas e acompanhadas por médicos e investigadores, aconselha-se tomar CBD sob aconselhamento e acompanhamento de um profissional de saúde capacitado.
O efeito Entourage (1) foi proposto pela primeira vez em 1998, pelos professores Raphael Mechoulam e Simon Bem-Shabat. Um dos nomes mais conhecidos mundialmente na pesquisa de canabinóides, Ethan B. Russo, apresenta num dos seus trabalhos o que propõe o efeito entourage:
que uma variedade de moléculas naturalmente presentes na cannabis aumenta a actividade e eficácia terapêutica da mesma.
Esta teoria do efeito Entourage tem ganho, nos últimos anos, crescente apoio e validação
O Prof. Raphael Mechoulam, uma das referências mundiais pelos avanços na pesquisa e descoberta de canabinóides, é um dos responsáveis da teoria do efeito Entourage
científica.
Em Setembro de 2018,três entidades brasileiras publicaram uma revisão que compara a utilização e os efeitos de CBD isolado com óleo de CBD de largo espectro em epilepsia resistente à medicação.
Os números são elucidativos: os efeitos benéficos reportados pelos doentes são de 39% no produto isolado para 71% no de óleo CBD de largo espectro.
A dose média utilizada para esses efeitos benéficos é de 25.3mg/kg/dia no CBD isolado para 6mg/kg/dia , no óleo de largo espectro. Os efeitos secundários leves são reportados em 76% dos utilizadores do isolado mas apenas em 33% dos utilizadores do largo espectro .
Na perspectiva da utilização em oncologia, cientistas do Volcani Center (3) e outras entidades israelitas publicaram um trabalho em que assinalam a sinergia dos componentes da cannabis de extractos de largo espectro em cancro do cólon e pólipos adenomatosos com uma “citotoxicidade sinergística” alcançada através de vários mecanismos selectivos.
Também no mesmo Volcani Center, Namdar et al, publicam, em Agosto de 2019, um trabalho que vinca a importância dos ratios naturais e específicos entre terpenóides e cannabinóides como factor de eficácia aumentada na actividade citotóxica e da cannabis. Estes resultados ressaltam as vantagens da utilização de extractos de largo espectro obtidos incluindo a inflorescência da planta.
Em caso do cancro da mama, investigadores reforçam os benefícios do efeito Entourage no extrato com espectro alargado
A Ciência apoia, cada vez mais, a teoria da sinergia entre compostos da cannabis
Ainda no que respeita ao efeito Entourage do CBD no campo da oncologia, um estudo pré-clínico de cientistas da Universidade Complutense reforça a eficácia aumentada do extracto botânico em comparação com THC isolado em situações de cancro da mama.
Também aqui os pesquisadores reforçam a importância dos diversos mecanismos utilizados pelo conjunto dos componentes da cannabis versus uma substância isolada.
Assinalam também “efeito anti-proliferativo adicional” sem efeitos secundários na utilização conjunta de cannabis de largo espectro com Tamoxifeno, Lapatinib e Cisplatina, três substâncias anti-tumorais de uso comum e frequente em oncologia.
Na perspectiva científica, 2015 foi um ano particularmente agitado para Konstantinos Farsalinos, do Centro de Cardio-cirurgia Onassis, em Atenas, com publicações altamente criticadas por colegas devido às metodologias usadas, rectificações, comentários e contra-respostas (1) (2) (3) (4) (5) (6).
Farsalinos publica essencialmente trabalhos acerca de cannabis e canabinóides, vapeadores e cigarros electrónicos.
Os desentendimentos entre estes colegas de profissão rodeiam sempre os mesmos assuntos, que merecem a nossa atenção:
metodologia científica
toxicidade
biodisponibilidade
bom e mau uso de canabinóides
dispositivos de vapor
Porém, no mesmo ano, um estudo (7) conjunto de cientistas de várias entidades suíças esclareceu que “temperaturas excessivas podem danificar as bobinas de aquecimento [do cigarro electrónico] e induzir a formação de sub-produtos tóxicos…” Segundo aquele estudo, a partir de 5V este efeito é evidente também no característico e desagradável sabor a queimado que o líquido vaporizado adquire.
mesmo no pior cenário, o fumo do cigarro (de cannabis ou tabaco) é sempre muito mais nocivo que o vapor do cigarro electrónico
Os mesmos resultados concluíram que 3.3V demonstram capacidade de vaporização sem toxicidade, nomeadamente sem aldeídos. Estes resultam do aquecimento e degradação do propilenoglicol e glicerina (excipientes comuns em e-liquids) quando na presença de oxigénio.
Relativamente ao “fumador passivo”, os investigadores assinalam um risco muito modesto de exposição devido a diversos factores. Frisam o tempo de meia-vida, no ar, do vapor exalado: 11 segundos. A título comparativo, o fumo de tabaco tem uma meia-vida de 20 minutos.
O tempo de meia-vida do fumo do tabaco, no ar, é de 20 min. O do CBD é de 11 segundos
Em 2017, Meehan-Atrash et al, do departamento de química da Universidade Estadual de Portland, EUA, vincam a importância da degradação dos terpenos sob aquecimento.
Naturalmente presentes no óleo de CBD de largo espectro, ou acrescentados como aditivos aos líquidos para cigarros electrónicos, foram analisados: myrcene, limonene, linalool, pinene, caryophyllene e humulene.
Devido à sua abundância, utilizou-se myrcene como “terpeno-padrão”. Sob aquecimento, identificou-se a formação de metacroleína – conhecido irritante pulmonar e carcinogénio – e benzeno, provavelmente o maior carcinogénio conhecido presente na poluição aérea.
Os excipientes mais comuns em líquidos para cigarros electrónicos – propilenoglicol e glicerina – são seguramente nocivos sob aquecimento excessivo.
Em caso de dúvida, até mesmo os pessimistas autores deste estudo britânico (8) , Blundell et al, esclarecem que, mesmo no pior cenário, o fumo do cigarro (de cannabis ou tabaco) é sempre muito mais nocivo que o vapor do cigarro electrónico, uma vez que, cumulativo aos sub-produtos resultantes do aquecimento, acrescem os sub-produtos da combustão por si só (amoníaco, cianeto de hidrogénio, nitrosaminas, entre outros), bem como os reconhecidos carcinogénios benzopireno e benzantraceno.
Os produtos adicionados, como os excipientes, revelam-se perigosos para a saúde
Administração intrapulmonar de CBD
Em 2014 , num estudo (9) conjunto entre cientistas da Universidade Wollongong, Australia, e da Universidade holandesa de Leiden, é publicado um primeiro protocolo de administração intrapulmonar (vaporização) de canabinóides.
a administração intrapulmonar de canabinóides é observada como um modo eficaz de terapia…
Ao longo do trabalho é citado, várias vezes, o basilar estudo de 2003 (10), sobre farmacocinética e farmacodinâmica de canabinóides, da autoria de Franjo Grotenhermen, do Nova-Institut, na Alemanha.
A premissa do estudo, segundo os autores, é a de que “a administração oral de canabinóides é de absorção lenta e errática, com biodisponibilidade limitada e altamente variável “. Os resultados vieram apontar que “a administração intrapulmonar de canabinóides é observada como um modo eficaz de terapia, uma vez que tem resultados rápidos e uma elevada biodisponibilidade sistémica”.
Com utilização de um dispositivo médico (Volcano Digit), o trabalho dos investigadores aponta que, em temperaturas entre 210º C e 230º C e com formatos sólidos (cristais) de CBD, se disponibilizam elevadas quantidades de canabidiol para absorção: cerca de 25% em 100mg de cristais.
No entanto, esta taxa de absorção sobe até 97,5% em 4mg, com variabilidade de resultados em doses elevadas (acima de 200mg), mas resultados repetidamente estáveis em doses abaixo daquela dosagem.
Segundo os autores, “a vaporização providencia um sistema seguro e eficiente para administração de cannabis e compostos canabinóides, evitando as toxinas respiratórias inerentes ao fumo.”
O que a ciência dos últimos cinco anos parece apontar é:
Enquanto dispositivo, o cigarro electrónico, se mal utilizado, pode ser prejudicial.
Os excipientes mais comuns em líquidos para cigarros electrónicos – propilenoglicol e glicerina – são seguramente nocivos sob aquecimento excessivo.
Os terpenos, presentes no óleo de CBD de largo espectro ou usados como aditivos para manipular o sabor dos líquidos para cigarros eletrónicos, são, seguramente, nocivos sob aquecimento excessivo.
CBD purificado será completamente seguro, sendo a vaporização (enquanto método de administração) mais eficiente do que a toma oral.
Fontes/estudos
1. Nitzkin JL, Farsalinos K, Siegel M. More on hidden formaldehyde in e-cigarette aerosols. N Engl J Med. 2015 Apr 16;372(16):1575. doi: 10.1056/NEJMc1502242. No abstract available. PubMed [citation] PMID: 25875274
2. Hubbs AF, Cummings KJ, McKernan LT, Dankovic DA, Park RM, Kreiss K. Comment on Farsalinos et al., “Evaluation of Electronic Cigarette Liquids and Aerosol for the Presence of Selected Inhalation Toxins”. Nicotine Tob Res. 2015
Oct;17(10):1288-9. doi: 10.1093/ntr/ntu338. Epub 2015 Jan 12. No abstract available. PubMed [citation] PMID: 25586777
3. Farsalinos KE, Voudris V, Poulas K. E-cigarettes generate high levels of aldehydes only in ‘dry puff’ conditions. Addiction. 2015 Aug;110(8):1352-6. doi: 10.1111/add.12942. Epub 2015 May 20. PubMed [citation] PMID: 25996087
4. Farsalinos K, Voudris V, Poulas K. Response to Shihadeh et al. (2015): E-cigarettes generate high levels of aldehydes only in ‘dry puff’ conditions. Addiction. 2015 Nov;110(11):1862-4. doi: 10.1111/add.13078. Epub 2015 Sep 23. No abstract available. PubMed [citation] PMID: 26395274
5. Shihadeh A, Talih S, Eissenberg T. Commentary on Farsalinos et al. (2015): E-cigarettes generate high levels of aldehydes only in ‘dry puff’ conditions. Addiction. 2015 Nov;110(11):1861-2. doi: 10.1111/add.13066. Epub 2015 Sep 23. No
abstract available. PubMed [citation] PMID: 26395030, PMCID: PMC4924805
6. Bates CD, Farsalinos KE. Research letter on e-cigarette cancer risk was so misleading it should be retracted. Addiction. 2015 Oct;110(10):1686-7. doi: 10.1111/add.13018. No abstract available. PubMed [citation] PMID: 26350716
7. Giroud C, de Cesare M, Berthet A, Varlet V, Concha-Lozano N, Favrat B. E-Cigarettes: A Review of New Trends in Cannabis Use. Int J Environ Res Public Health. 2015 Aug 21;12(8):9988-10008. doi: 10.3390/ijerph120809988. Review.
PubMed [citation] PMID: 26308021, PMCID: PMC4555324
8. Blundell MS, Dargan PI, Wood DM. The dark cloud of recreational drugs and vaping. QJM. 2018 Mar 1;111(3):145-148. doi: 10.1093/qjmed/hcx049. Review. PubMed [citation] PMID: 28339800
9. A protocol for the delivery of cannabidiol (CBD) and combined CBD and ∆9-tetrahydrocannabinol (THC) by vaporisation.
Solowij N, Broyd SJ, van Hell HH, Hazekamp A.BMC Pharmacology & Toxicology. 2014 Oct 16; 15: 58
PMC [article] PMCID: PMC4274767, PMID: 25319497, DOI: 10.1186/2050-6511-15-58
10. Grotenhermen F. Pharmacokinetics and pharmacodynamics of cannabinoids. ClinPharmacokinet. 2003;42(4):327-60. Review. PubMed [citation] PMID: 12648025
O papel do canabidiol (CBD) nas doenças neurodegenerativas é cada vez mais aprofundado pelos investigadores, com alguns a defenderem que aquele canabinóide é uma vantagem incontornável neste tipo de doenças. A este respeito, nos últimos três anos surgiram vários estudos a apontar para efeitos benéficos do CBD na Esclerose Múltipla.
“O CBD foi comparado, inclusivamente, com THC e atingiu melhor efeito que este nas células linfáticas envolvidas nos processos imunitários”
Kozela et al., da Universidade de Tel Aviv, Israel, assinalam o efeito anti-inflamatório do CBD através da supressão de transcrição (ativação) de genes pró-inflamatórios. (1)
Os mesmos investigadores destacam também a diminuição ou supressão de atividade de astrócitos, um importante marcador em doenças neuronais, incluindo, entre outras, Epilepsia e Esquizofrenia. (2)
Giacoppo et al., do Laboratório de Neurologia Experimental de Messina, Itália, assinalam o efeito do CBD na regulação da apoptose (suicídio) neuronal, um dos mecanismos neurodegenerativos característicos da Esclerose Múltipla. (3)
Um outro grupo de investigação da Universidade da Carolina do Sul, EUA, Elliot et al., confirmam a redução da neuro-inflamação, principalmente através de um aumento significativo de células imunossupressoras específicas (Myeloid-derived suppressor cells). (4)
Ainda em matéria dos efeitos benéficos do CBD, Zgair et al., da Universidade de Nottingham, reforçam o efeito imunomodulador do canabidiol (5). O CBD foi comparado, inclusivamente, com THC e atingiu melhor efeito que este nas células linfáticas envolvidas nos processos imunitários.
Estes são alguns dos trabalhos de investigação que mostram que, entre mecanismos que afetam a imunomodulação, neuro-proteção e redução de inflamação, o canabinóide CBD reúne efeitos cada vez mais convincentes em abordagem positiva na Esclerose Múltipla.
1 – Kozela E, Juknat A, Gao F, Kaushansky N, Coppola G, Vogel Z. Pathways and gene
networks mediating the regulatory effects of cannabidiol, a nonpsychoactive
cannabinoid, in autoimmune T cells. J Neuroinflammation. 2016 Jun 3;13(1):136.
doi: 10.1186/s12974-016-0603-x. PubMed PMID: 27256343; PubMed Central PMCID:
PMC4891926.
2 – Kozela E, Juknat A, Vogel Z. Modulation of Astrocyte Activity by Cannabidiol,
a Nonpsychoactive Cannabinoid. Int J Mol Sci. 2017 Jul 31;18(8). pii: E1669. doi:
10.3390/ijms18081669. Review. PubMed PMID: 28788104; PubMed Central PMCID:
PMC5578059.
3 – Giacoppo S, Soundara Rajan T, Galuppo M, Pollastro F, Grassi G, Bramanti P,
Mazzon E. Purified Cannabidiol, the main non-psychotropic component of Cannabis
sativa, alone, counteracts neuronal apoptosis in experimental multiple sclerosis.
Eur Rev Med Pharmacol Sci. 2015 Dec;19(24):4906-19. PubMed PMID: 26744883.
4 – Elliott DM, Singh N, Nagarkatti M, Nagarkatti PS. Cannabidiol Attenuates
Experimental Autoimmune Encephalomyelitis Model of Multiple Sclerosis Through
Induction of Myeloid-Derived Suppressor Cells. Front Immunol. 2018 Aug 3;9:1782.
doi: 10.3389/fimmu.2018.01782. eCollection 2018. PubMed PMID: 30123217; PubMed
Central PMCID: PMC6085417.
5 – Zgair A, Lee JB, Wong JCM, Taha DA, Aram J, Di Virgilio D, McArthur JW, Cheng
YK, Hennig IM, Barrett DA, Fischer PM, Constantinescu CS, Gershkovich P. Oral
administration of cannabis with lipids leads to high levels of cannabinoids in
the intestinal lymphatic system and prominent immunomodulation. Sci Rep. 2017 Nov
6;7(1):14542. doi: 10.1038/s41598-017-15026-z. PubMed PMID: 29109461; PubMed
Central PMCID: PMC5674070.
Com os numerosos estudos a confirmarem o potencial terapêutico do canabidiol, bem como a abertura um pouco por todo o mundo àquele canabinóide, a Organização Mundial de Saúde (OMS) dedicou especial atenção aos dados científicos existentes. No site pubmed.gov, uma das referências mundiais em publicação de informação científica na área da saúde, existem, à data, 6227 resultados acerca de estudos com canabidiol.
A informação tem sido divulgada em prestigiados sites de investigação médica e cresce o numero de profissionais de saúde defensores, tanto da cannabis medicinal, como do canabidiol. O trabalho da RTP1, por exemplo, mostra-nos a abordagem com cannabis medicinal a doenças graves e a importância dos canabinóides, nomeadamente do CBD.
A OMS recomendou às Nações Unidas que as preparações de CBD puro sejam retiradas do regime proibitivo
Para avaliar a veracidade e credibilidade dos estudos existentes sobre canabidiol (CBD), tetrahidrocanabinol (THC) e demais componentes da cannabis, a OMS debruçou-se atentamente sobre o tema. Em Junho de 2018, teve lugar o 40º encontro do Comité dos Especialistas de Dependência de Drogas, pertencente à OMS, dedicado à revisão da cannabis e seus componentes.
A literatura científica acerca do canabidiol tem evidenciado as vantagens em diversas doenças, como epilepsiaA OMS afirma que o CBD puro não implica riscos para a saúde nem causa dependência
Os especialistas levaram à mesa de discussão revisões de estudos acerca da cannabis, substâncias e derivados, pelo potencial terapêutico de alguns componentes.
O Comité efetuou uma revisão a dados científicos sobre CBD, planta e resina da cannabis, extratos e tinturas, THC e isómeros do THC. Dadas as características próprias e os resultados mostrados ao longo de anos de investigação, o canabidiol acabou por destacar-se.
Após avaliação e conclusões por parte do Comité dos Especialistas de Dependência de Drogas, a OMS endereçou uma carta ao Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, na qual enuncia várias recomendações acerca do CBD, nomeadamente, seu potencial terapêutico e segurança.
Na missiva às Nações Unidas, a OMS chama também a atenção para a necessidade de separar o CBD das outras substâncias, uma vez que o enquadramento legal do CBD está completamente desajustado da realidade, tendo em conta os resultados científicos e o potencial benéfico do canabinóide.
CBD é bem tolerado e seguro
Nas recomendações dirigidas às Nações Unidas, a Organização Mundial de Saúde declara que o CBD é um dos canabinóides que ocorrem naturalmente nas plantas cannabis e que não existem registos de abuso ou dependência relacionados com a utilização de CBD puro.
A OMS informa ainda que “não há registo de problemas de saúde pública relacionadas com o uso de CBD” e destaca que “o CBD é geralmente bem tolerado e com bom perfil de segurança”, mesmo que assinalando alguma perda de apetite, casos de diarreia e fadiga como possíveis efeitos adversos.
CBD é eficaz em Epilepsia
O canabidiol continua a ser estudado em diversos usos clínicos, como referido pela OMS, que destaca os avanços no campo da Epilepsia. Nos ensaios clínicos avaliados pelo Comité dos Especialistas de Dependência de Drogas, o CBD demonstrou “eficácia no tratamento de algumas formas de epilepsia, como síndrome de Lennox-Gastaut e síndrome de Dravet, que são frequentemente resistentes a medicação”.
“Entre as substâncias que não são psicoativas nas preparações derivadas como extratos ou tinturas de cannabis, algumas, como o canabidiol, têm indicações terapêuticas promissoras.”
O OMS realça a importância deste canabinóide na Epilepsia e sublinha o facto de, após reunião do Comité, a Food and Drug Administration, dos Estados Unidos, ter aprovado um medicamento com CBD puro. Saiba mais acerca dos benefícios e tipos de aplicação de canabidiol aqui.
CBD e cannabis: distinção necessária
As recomendações da OMS alertam para a necessidade de separar o trigo do joio e distinguir entre CBD, cannabis e outras substâncias da planta.
O CBD está contemplado no Nível I da tabela “Single Convention on Narcotic Drugs”, de 1961, que alerta para os efeitos prejudiciais das substâncias ali descritas.
No entanto, a OMS declara não existirem evidências de que o CBD esteja associado a abusos ou tenha efeitos semelhantes aos de outras substâncias. Estes efeitos estão associados à cannabis enquanto planta integral (anexada à tabela na Convenção de 1961) e ao THC (na tabela da Convenção de 1972). Os estudos existentes acerca do CBD não apresentam dados que justifiquem a permanência do canabidiol nas tabelas de substâncias prejudiciais.
Para a OMS não faz sentido o CBD manter-se nas tabelas de substâncias proibidas. Não existem registos de perigo de saúde pública
As conclusões levaram a que a OMS tenha recomendado às Nações Unidas que as preparações de CBD puro sejam retiradas do regime proibitivo.
O Comité “reconhece que as propriedades psicoativas daquelas preparações de extratos e tinturas de cannabis se devem ao THC e possivelmente a isómeros do THC”.
Pode ler-se na declaração enviada a António Guterres que “existem estudos que avaliaram o potencial de dependência de vários componentes em extratos e tinturas de cannabis” e que, enquanto alguns “componentes (como o Delta9THC) mostraram potencial de dependência, outras substâncias daquelas preparações (como o CBD) não têm potencial de dependência.”
No que respeita a substâncias sem efeitos psicoativos, o potencial terapêutico do CBD volta a destacar-se:
“Entre as substâncias que não são psicoativas nas preparações derivadas como extratos ou tinturas de cannabis, algumas, como o canabidiol, têm indicações terapêuticas promissoras.”
Entre as substâncias da cannabis, o CBD é a que tem concentrado mais atenção dos investigadores pela ausência de efeitos prejudiciais, facto que o Comité comprovou na revisão de 2018. Vários estudos demonstram que o canabidiol mostra validade científica em diversas doenças e patologias, como Colite e Doenças Inflamatórios do cólon, nas doenças neurodegenerativas ou no cancro da mama, por exemplo.
Fotos: João Silas; Leander Lenzing; Valmir Dzivielevski Junior (Unsplash)
“O sistema endocanabinóide emerge como um sistema natural de neuroproteção”.
Responsável por funções como memória, motivação, movimento, imunomodulação e vasodilatação, o sistema endocanabinóide ocupa lugar de destaque no que toca a novas e promissoras abordagens terapêuticas às doenças neurodegenerativas, como doença de Alzheimer, doença de Parkinson, Esclerose Lateral Amiotrófica, Doença de Huntington, Esclerose Múltipla, etc.
Apesar de cada uma das doenças neurodegenerativas ter características próprias e cada uma justificar uma abordagem específica, a literatura científica que tem em consideração o sistema endocanabinóide aponta como vantagem incontornável a “nutrição” deste sistema, através do consumo de canabinóides não-psicoativos, destacando o CBD (canabidiol).
Neuroproteção do CBD em doenças neurodegenerativas
Três revisões de estudos, de 2007 (1), 2010 (2) e 2012 (3), vincam a importância do sistema endocanabinóide. Todas analisam a capacidade de homeostase exercida por aquele sistema, considerando essa capacidade de auto-regulação – interna e autónoma – como parte intrínseca da neuroproteção.
Desta capacidade resultam, em boa parte, os efeitos de modulação do stress oxidativo, controlo da produção tóxica de óxido nítrico, inibição de aminoácidos excitotóxicos e citoquinas, mecanismos implicados em processos de neurodegeneração. Alguns destes mecanismos foram analisados noutros estudos acerca do CBD na Doença de Parkinson.
O CBD interage com o sistema endocanabinóide sem produzir efeitos psicoativos
Em 2007, numa revisão da Fundación Hospital Alcorcón – trabalho onde consta a citação inicial deste texto -, os autores chamam também a atenção para o facto dos estudos serem efetuados tanto em situações degenerativas agudas como crónicas.
No mesmo ano, foi publicado um estudo (4) da Universidade de Fukuoka, Japão, no qual os autores testam a eficácia mas também o potencial de dependência entre THC (delta9-tetrahidrocanabinol) e CBD (canabidiol).
Os investigadores concluem que, ao contrário do THC, o CBD mantém a neuroproteção e o efeito antioxidante em níveis estáveis, assim como a circulação sanguínea cerebral, sem provocar tolerância aumentada ou dependência.
A ausência de efeitos dependentes e o elevado perfil de segurança foram algumas das conclusões da Organização Mundial de Saúde, após revisão de estudos acerca do CBD. Conheça as recomendações da OMS na carta enviada ao Secretário Geral das Nações Unidas, em Julho de 2018.
Imagem: Tomislav Jakupec
Foto: CannabiGold
Bibliografia
1 – Martínez-Orgado J, Fernández-López D, Lizasoain I, Romero J. The seek of
neuroprotection: introducing cannabinoids. Recent Pat CNS Drug Discov. 2007
Jun;2(2):131-9. Review. PubMed [citation] PMID: 18221224
2 – https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1111/j.1755-5949.2010.00195.x#.W6IjhL9W5nY.email
3 – Cannabidiol for neurodegenerative disorders: important new clinical applications
for this phytocannabinoid?.
Fernández-Ruiz J, Sagredo O, Pazos MR, García C, Pertwee R, Mechoulam R,
Martínez-Orgado J.
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4 – Hayakawa K, Mishima K, Nozako M, Ogata A, Hazekawa M, Liu AX, Fujioka M, Abe K,
Hasebe N, Egashira N, Iwasaki K, Fujiwara M. Repeated treatment with cannabidiol
but not Delta9-tetrahydrocannabinol has a neuroprotective effect without the
development of tolerance. Neuropharmacology. 2007 Mar;52(4):1079-87. Epub 2007
Feb 21. PubMed [citation] PMID: 17320118
Para apurar acerca dos potenciais efeitos do Canabidiol em Colite e Doenças Inflamatórias do Cólon (Colite Ulcerosa e Doença da Crohn), várias equipas de cientistas efetuaram, ao longo dos últimos anos, abordagens experimentais diversas.
Dois estudos pré-clínicos (2)(4), de 2016 e 2010, utilizaram a mieloperoxidase e sua atividade inflamatória como marcador principal. Um outro estudo (5), da Universidade Frederico II, em Nápoles, Itália, utilizou vários marcadores, nomeadamente cicloxigenase, iNOS (inducible nitric oxide synthase), interleucinas, ROS e peroxidação lipídica.
Da mesma Universidade, um outro estudo (3) faz uma abordagem aos mecanismos relacionais entre Sistema Nervoso Central e Colite Ulcerativa, com o CBD a atingir efeitos significativos na expressão de neurotrofinas indutoras de inflamação e respostas imunitárias aumentadas.
Em todos estes estudos, com inflamações quimicamente induzidas, foram assinaladas melhorias, não só nos respetivos marcadores, como na avaliação global sintomatológica, sangramento, diarreia, cãibras, mal-absorção/desnutrição.
Num estudo (1) recente, duplo cego, promovido por várias instituições no Reino Unido, em pacientes diagnosticados com Colite Ulcerosa, foram registados resultados similares, com os autores a concluírem que “diversos sinais sugerem que extratos botânicos enriquecidos em CBD podem ser benéficos para o tratamento sintomatológico da Colite Ulcerosa”.
Créditos foto: Darko Djurin, Pixabay
Bibliografia
1. A Randomized, Double-blind, Placebo-controlled, Parallel-group, Pilot Study of Cannabidiol-rich Botanical Extract in the Symptomatic Treatment of Ulcerative Colitis.
Irving PM, Iqbal T, Nwokolo C, Subramanian S, Bloom S, Prasad N, Hart A, Murray C, Lindsay JO, Taylor A, Barron R, Wright S.
Inflamm Bowel Dis. 2018 Mar 19;24(4):714-724. doi: 10.1093/ibd/izy002.
PMID: 29538683
3. Cannabidiol reduces intestinal inflammation through the control of neuroimmune axis.
De Filippis D, Esposito G, Cirillo C, Cipriano M, De Winter BY, Scuderi C, Sarnelli G, Cuomo R, Steardo L, De Man JG, Iuvone T.
PLoS One. 2011;6(12):e28159. doi: 10.1371/journal.pone.0028159. Epub 2011 Dec 6.
PMID: 22163000
4. The effects of Delta-tetrahydrocannabinol and cannabidiol alone and in combination on damage, inflammation and in vitro motility disturbances in rat colitis.
Jamontt JM, Molleman A, Pertwee RG, Parsons ME.
Br J Pharmacol. 2010 Jun;160(3):712-23. doi: 10.1111/j.1476-5381.2010.00791.x.
PMID: 20590574
5. Cannabidiol, a safe and non-psychotropic ingredient of the marijuana plant Cannabis sativa, is protective in a murine model of colitis.
Borrelli F, Aviello G, Romano B, Orlando P, Capasso R, Maiello F, Guadagno F, Petrosino S, Capasso F, Di Marzo V, Izzo AA.
J Mol Med (Berl). 2009 Nov;87(11):1111-21. doi: 10.1007/s00109-009-0512-x. Epub 2009 Aug 20.
PMID: 19690824
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