O canabidiol (CBD) tem sido sugerido em tratamentos, como meio principal ou complementar, em diversas patologias, sendo aconselhado por investigadores em casos de cancro, epilepsia, dor crónica ou fibromialgia.
Esta substância – que a OMS considera segura e não psicoativa – é também alvo de estudos em doenças neurodegenerativas, existindo alguns resultados positivos na doença de Parkinson.
CBD em Parkinson – modulação neurotransmissora
Numa revisão (1) de 2013, liderada pelo Prof. Dr. Javier Fernandez-Ruiz, da Universidade Complutense, são elencados alguns dos mecanismos mais relevantes do CBD na Doença de Parkinson:
- normalização da homeostase do glutamato e respetivos mecanismos de excitotoxicidade;
- redução de stress oxidativo (capacidade para restaurar o equilíbrio entre fatores oxidativos e mecanismos anti-oxidantes endógenos);
- atenuação da ativação glial e atenuação da inflamação localizada
Num trabalho (6) acerca do sistema canabinóide, o mesmo autor afirma que aquele sistema “influencia grandemente na função dos gânglios basais através da modulação dos neurotransmissores que operam nos circuitos dos mesmos.”
Na mesma universidade espanhola, um estudo (2) de 2005 acerca da toxicidade causada por 6-hydroxydopamina – frequente em Doença de Parkinson -, os autores registam a eficácia do CBD através do potencial anti-inflamatório e modulação das funções gliais.
“o canabidiol é um constituinte não psicoactivo da Cannabis, com potencial para tratar doenças neurodegenerativas.”
A Escola de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de S.Paulo, Brasil, também tem sido particularmente ativa no estudo do canabidiol no campo de patologias a nível neurológico.
Num trabalho (3) acerca dos efeitos do CBD na presença de MPP(+) – uma neurotoxina presente e relevante na Doença de Parkinson -, os investigadores afirmam que o “canabidiol é um constituinte não psicoativo da Cannabis, com potencial para tratar doenças neurodegenerativas.”
Neste estudo, o CBD aumentou a viabilidade celular, a diferenciação e a expressão de proteínas axonais e sinápticas, portanto efeito neuritogénico (produção de novos neurónios. Este resultado foi independente do NGF (Nerve Growth Factor).
O canabinóide em estudo não aumentou este efeito mas preservou do declínio habitual em presença da neurotoxina estudada.
No departamento de Neurociências e Comportamento da mesma universidade paulista, os autores atestaram a eficácia do CBD no controlo de perturbações de sono REM em pacientes com Parkinson (6). Foi também registado um aumento considerável de bem-estar e qualidade de vida em 21 pacientes, num estudo (4) publicado no mesmo ano.