O que é o Canabidiol ou CBD?
O Canabidiol, mais conhecido como CBD, é um dos mais de 100 canabinóides documentados na planta cannabis.
Ao contrário do THC (abreviatura para delta9-tetrahidrocanabinol), outro dos fitocanabinóides presentes na planta, o CBD não tem efeitos psicoativos, não causa estados de euforia, não causa dependência e pode ser aplicado/tomado pela esmagadora maioria das pessoas, inclusive crianças. O CBD ou Canabidiol é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde pela ausência de efeitos secundários.
Cannabis, Marijuana e canabinóides
Os produtos derivados da planta Cannabis têm demonstrado ser alternativa com grande potencial terapêutico. A ciência tem revelado as capacidades terapêuticas e os benefícios desta planta, nomeadamente dos seus fitocanabinóides.

O termo Cannabis refere-se a três espécies de cânhamo: Cannabis sativa, Cannabis indica e Cannabis ruderalis. Por outro lado, o termo Marijuana refere-se à secagem das folhas, flores e sementes do cânhamo, que são posteriormente usadas para fumar, seja com fins recreativos ou terapêuticos.
A cannabis contém vários tipos de compostos químicos chamados canabinóides, que interagem com o organismo dos mamíferos através do sistema endocanabinóide, específico, tanto quanto sabe a ciência, dos mamíferos
Os 60 tipos de canabinóides atualmente identificados diferem no seu efeito e ação psicoativa. O THC (delta-9-tetrahydrocannabinol) é o canabinóide mais conhecido, pelo efeito psicoactivo. Mas outros canabinóides, como o CBD, não se incluem neste tipo de ação.
Ao CBD é atribuída ação terapêutica da cannabis mas sem os malefícios do THC. O CBD tem mostrado resultados positivos em áreas da saúde como no tratamento de doenças degenerativas, doenças mentais como a Depressão, no tratamento de Dor, na Epilepsia, em situações de Asma, Diabetes e outros. (consulte Benefícios do CBD).
CBD e THC: mecanismos de acção
O sistema endocanabinóide é o responsável pelos efeitos psicoactivos e terapêuticos da Cannabis. É um sistema neuromodulatório lipídico e, juntamente com os seus receptores, está envolvido em vários processos fisiológicos como o controlo do apetite, controlo da dor, humor e memória. É constituído por dois receptores canabinóides – tipo 1 (CB1) e tipo 2 (CB2) -, ligandos endógenos (endocanabinóides) e um sistema enzimático que sintetiza e degrada os endocanabinóides. (1)
Receptores Canabinóides

Os recetores canabinóides CB1 são recetores acoplados à proteína G, uma das mais abundantes no cérebro. Estes recetores estão expressos sobretudo no cérebro, nas pré-sinapses do sistema nervoso central e periférico. São responsáveis por sensações de bem-estar, pela memória, concentração, percepção sensorial e temporal e coordenação de movimentos.
Os receptores canabinóides CB2 existem, sobretudo, nas células imunitárias e nos tecidos periféricos. Os CB2 estão relacionados com ações anti-inflamatória e imunossupressora e responsáveis por direcionar a libertação de vários neurotransmissores e citoquinas. (2)
Endocanabinóides
No sistema imunológico e nervoso dos seres vivos, foram identificados endocanabinóides, ou seja, canabinóides endógenos: anandamida (N-araquidonoitenolamina) e o 2-araquidonoiglicerol. São ambos derivados do ácido araquidónico e parecem ter ações anti-inflamatória e inibitória nas convulsões epiléticas. Ligam-se e ativam os recetores CB1 e CB2. São assim considerados uma mecânica de defesa natural do organismo, com ação moduladora e são produzidos “on demand” pelo próprio organismo. (2)
Canabidiol e Tetrahidrocanabinol
O THC e o CBD são considerados canabinóides exógenos e atuam, tal como os endógenos (endocanabinóides), no sistema endocanabinóide mas de forma distinta.
Segundo a investigação, o THC, ao ser agonista dos receptores CB1 e CB2, tem efeito psicoativo através da modulação do ácido gama-amino butírico (GABA) e da glutamina. Por seu lado, o CBD não parece ligar-se a estes recetores. Várias hipóteses foram já identificadas para explicar a complexa mecânica de atuação do CBD.
Os efeitos neuroprotetor e anti-inflamatório do CBD parecem estar relacionados com:
- Inibição das ciclooxigenases e lipooxigenases (substâncias pró-inflamatórias) e por ser um agonista inverso nos receptores CB1 e CB2.
- Atuação sobre os endocanabinóides, inibindo a recaptação celular da anandamida. O CBD compete com a anandamida na ligação a proteínas ligadoras de ácidos gordos (FABP), proteínas transportadoras da anandamida para a sua metabolização. (3)

A acção antiepiléptica do CBD parece estar relacionada com a modulação do sistema endocanabinóide, ao suspender a degradação da anandamida. Regula também os canais de cálcio tipo T, o que parece inibir as convulsões.
A ação anti-inflamatória e imunossupressora do CBD estará relacionada com a sua intervenção nos recetores da serotonina e adenosina, ou seja, o CBD parece ser um agonista dos receptores 5-HT1A e 5-HT2A e um ativador do receptor da Adenosina A1A. (3).
Os estudos efetuados até agora mostram também que o CBD deverá ter também função reguladora da epigenética, pois foram identificadas ações repressoras da transcrição, que controla a proliferação celular e diferenciação através da Metilação do DNA. (3)
Tanto o CBD como o THC são substâncias altamente lipofílicas com um tempo de semivida longa (o CBD, de nove a 32 horas). O CBD liga-se a proteínas e é metabolizado a nível hepático pelo CYP450, ainda que também iniba algumas das suas enzimas. Por esse motivo, é possível interferir com alguns fármacos.
Benefícios do CBD
O canabidiol é estudado há vários anos (existem resultados registados em testes de 1975) e é uma das substâncias que está no centro dos microscópios dos cientistas. Os estudos têm demonstrado resultados promissores do CBD ao qual são atribuídos diversos efeitos:
- ação anti-diabética
- ação anti-depressiva
- ação neuroprotetora
- ação anti-psicótica (Esquizofrenia)
- ação anti-epiléptica
- ação na protecção cardiovascular
- ação anti-inflamatória
- ação na dor neuropática
- ação anti-emética (náuseas e vómitos) na quimioterapia
- ação anti-tumoral
- ação ansiolítica